Acaba de ser lançado um livro que pode fazer bastante sucesso como presente de Natal. Segue a dica.
“Megaflorestas – Preservar o que temos para salvar o planeta” (Ev. Voo), foi escrito pelo biólogo Thomas Lovejoy e pelo economista John Reid, que se aventuraram pelas cinco megaflorestas do mundo e trazem suas histórias de viagem, percepção ambiental e econômica num texto leve e fácil. É um livro indispensável na estante de qualquer jovem, adulto, idoso, mas deve interessar ainda mais aos estudantes das questões climáticas que não aceitam explicações rasteiras sobre a crise que estamos vivendo. (A foto, feita por John Reid, retrata um macho dominante chamado Matetele, no Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, República do Congo).
Os dois autores oferecem, de forma pungente, emocionante, um quadro real sobre a importância de se preservar as florestas e, assim, ajudar a humanidade a continuar vivendo no planeta. John e Thomas não fizeram a pesquisa para escrever o livro no conforto de seus escritórios, encerrados em ambientes climatizados. Foi o contrário disso. Eles meteram o pé na estrada para nos ajudar a “abandonar o hábito de transformar florestas em paisagens de capim, arbustos, poeira e asfalto”.
Vencido por um câncer em 2021, o biólogo Thomas Lovejoy não conseguiu ver sua obra pronta e editada. John Reid está com o pé na estrada, levando o livro para várias praças. Aqui no Brasil, foi lançado dois dias antes do início da Conferência das Partes sobre o Clima (COP28), que está acontecendo, neste momento, em Dubai.
A COP28 merece alguns apontamentos, para além do debate polarizado incrementado pela grande mídia mundial sobre se o mundo deve ou não eliminar os combustíveis fósseis agora. Antes de mais nada, não há um botão, um liga/desliga que, de uma hora para outra, vá transformar o mundo em zero emissões. Isto é um processo, que envolve inclusive o mundo do trabalho, já que temos muitos trabalhadores que perderiam seus empregos.
Não só isso, claro. Mas isso faz parte de um bloco de iniciativas necessárias para que o mundo realmente se livre dos combustíveis fósseis. A Conferência em Dubai está tratando desse assunto entre outros, também muito importantes para se implementar a transição, ou para apontar a necessidade de se fazer a transição. Um deles é a saúde humana.
Pela primeira vez em COPs, ministros de saúde do mundo inteiro estão presentes. A explicação para a necessidade de se ter uma grande janela para falar sobre saúde é simples: os eventos extremos – calor excessivo, seca e tormentas – além da poluição provocada pela indústria em grandes cidades, como Pequim, estão também interferindo fortemente na saúde. Só para se ter uma ideia, a enchente catastrófica que aconteceu no Paquistão no ano passado, por exemplo, aumentou em cinco vezes os casos de malária no país.
A Organização Mundial de Saúde publicou um relatório, na abertura da COP, alertando para o aumento dos casos de malária no mundo provocado pelos eventos extremos. O mundo registrou mais cinco milhões de casos de malária em 2022 em relação ao ano anterior. Além do Paquistão, Etiópia, Nigéria, Papua Nova Guiné e Uganda registaram aumentos significativos da doença.
Por tudo isso, e considerando que sistemas de saúde fortes e resilientes são indispensáveis para proteger a população dos impactos negativos das alterações climáticas na sua saúde, 40 milhões de profissionais se reuniram em vários países do mundo para fazer um documento e exigir que a COP28 provoque uma ação contundente que leve o mundo mais rapidamente no caminho da eliminação dos combustíveis fósseis. É de saúde, de vida humana que se está falando, no fim das contas.
Amelia Gonzalez é jornalista, foi editora por nove anos do caderno Razão Social do jornal ‘O Globo’ e colunista do Portal G1, também da Globo. Atualmente mantém o Blog Ser Sustentável, onde escreve sobre desenvolvimento sustentável e colabora na Revista Colaborativa Pluriverso e aqui, na revista Entrenós, uma parceria da Casa Monte Alegre e a Pluriverso.