O mundo das plantas
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Entre 400 milhões e 1bilhão de anos atrás, diferentemente dos animais, que escolheram se mexer para encontrar alimento, algo indispensável, as plantas tomaram uma decisão oposta no aspecto evolutivo. Elas preferiram não se mover, obtendo do Sol toda a energia necessária para sobreviver e adaptando o próprio corpo à predação e a inúmeras outras restrições decorrentes do fato de estarem enraizadas no solo. Isso não é nada fácil. Tentem pensar como é complicado permanecer vivo em um ambiente hostil, incapaz de se mover. Imaginem que vocês sejam uma planta, cercada por insetos, animais herbívoros e predadores de todas as espécies, e não podem fugir. A única maneira de sobreviver é ser indestrutível: ser constituída de forma inteiramente diferente de um animal. Ser, com efeito, uma planta”.

O trecho acima faz parte do livro “Revolução das Plantas”, escrito pelo italiano Stefano Mancuso.  Editado pela Pergaminho, o livro anda frequentando intensamente meus pensamentos, não sai da minha cabeceira. É uma obra linda, ao mesmo tempo poética, didática, filosófica e que informa o leitor com uma quantidade considerável de dados.

 Há uma imensidão no mundo vegetal que não é conhecida por nós, diz Mancuso. Hoje, o que se tem notícia é de que existem 31 mil plantas documentadas, das quais 18 mil são usadas para fins medicinais, seis mil para alimentação e 2.500 para venenos. Mas as plantas, como organismos, mostraram ao pesquisador e seus colegas, que as estudaram minuciosamente, que elas têm inteligência. Mesmo sem cérebro!

Para resumir o que Mancuso nos ensina: as plantas percebem coisas que nós nem podemos imaginar. Um experimento feito pelo seu Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal da Universidade de Florença com as dormideiras – sabem quais são? Aquelas plantinhas minúsculas que se encolhem ao toque – mostrou que elas reagem a mudanças. Além disso, entre si, protegem as mais fracas.

E o texto segue por esta linha, provocando no leitor uma emoção gigante, sobretudo quando Mancuso foca na vida comunitária das plantas. Não quero usar clichê, mas aqui é inescapável: precisamos aprender com elas.

É duro ler um livro tão sensível e ficar imaginando, depois de tantas informações sobre plantas e árvores, qual será a reação delas diante do fogo. Mancuso escreve que elas são “capazes de exercer pressão e romper até mesmo a rocha mais sólida, graças à divisão e expansão celular”.

Imagino, porém, que a mão do homem seja penosa demais, até para o mundo vegetal que se abre diante dos nossos olhos depois da leitura de Mancuso.

 Fato é que estamos perdendo feio a batalha pela conservação das espécies, tanto da flora quanto da fauna.

Mas, infelizmente, não é só esta batalha que estamos perdendo. Durante horas os sites informativos desta manhã trouxeram  pesquisa feita pela Rede Penssan, que reúne entidades como Ação da Cidadania, Oxfam, Vox Populi e Actionaid, e se dedica ao estudo da fome no país.

Segundo este estudo, As crianças sofrem mais com a fome no Brasil. Em 37,8% dos lares com crianças de até 10 anos, houve fome ou redução de quantidade e de qualidade dos alimentos. Na média dos domicílios no país, esse percentual é de 30,7%. 

Tempos difíceis.

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