Não precisa tirar as crianças da sala

Não são poucas as mensagens que bons autores idealizam para mostrar às crianças o valor de se proteger o ambiente onde vivemos. Entenda-se, por favor, como ambiente, não apenas a rua, o bairro, mas todo o planeta. No fim das contas, ficará ao encargo das crianças viverem num mundo tão impactado pelas ações humanas. Sendo assim, já que estamos entregando uma bagunça, resta-nos dar às gerações mais novas algumas informações para que elas possam, desde cedo, criar estratégias.

A baleia Ju e seus amigos viajam pelo mundo e mostram a quantidade de lixos nos oceanos. Foto de Divulgação

O pronto principal é que as mensagens sejam leves, de preferência mostrando saídas além de, claro, mostrar o problema. Por isso gostei quando recebi a mensagem eletrônica do Projeto Ilhas do Rio, e decidi compartilhar com vocês. O Projeto apresentou a peça interativa “Batalhas da Natureza” e a série animada chamada “Marulhada”. É para reunir a família e assistir, depois reunir e conversar. Muitos assuntos podem ser abordados.

Para quem não conhece, o Projeto Ilhas do Rio começou, em 2011, um trabalho de preservação das Ilhas Cagarras, transformadas em Museu Natural (Mona) Cagarras. De lá para cá,  pesquisadores do Projeto já registraram mais de 600 espécies de animais e plantas no local, entre elas algumas raras, inéditas.

Um outro detalhe interessante sobre as Ilhas Cagarras e Águas do Entorno é que elas acabaram de receber o título de Hope Spot (Ponto de Esperança, em tradução literal), dado por uma aliança internacional chamada Mission Blue. Hope Spots são lugares reconhecidos pelos cientistas como críticos para a saúde do oceano.

E é justamente neste ponto que começa a “Batalhas da Natureza”, que pode ser vista aqui https://www.youtube.com/watch?v=lDmndKDNsRQ&t=2s. Depois de uma tempestade que, como sempre acontece, deixou um rastro de lixo na cidade do Rio de Janeiro, os bichos das Ilhas decidiram se juntar e fazer uma espécie de manifesto endereçado aos humanos. O texto é leve e bem divertido, tem bom ritmo. Creio que pode interessar desde as crianças até os mais velhinhos, que estão entrando na adolescência.

Escrita e dirigida por João Miranda, e interpretada por Bruna Rodrigues, Dielgo Goulart, Gabriel Santana, Marie Campeau e Tuca Muniz, a peça foi gravada sem público no Teatro Vanucci, em 2020, quando a pandemia não estava dando trégua. A ave Jatobá, a tartaruga verde, a bromélia, o cactos e o peixe são os protagonistas. E mostram aos espectadores tudo de ruim que pode acontecer com eles por conta do desrespeito dos humanos ao meio ambiente. Foco no plástico deixado nos mares, mas tem também boas mensagens do tipo: “Tem gente que pega estrela do mar para enfeitar a casa. Não se deve fazer isto!”.

Na mesma linha de educação ambiental, o Ilhas do Rio lançou “Marulhada”, uma série de animação. Os dois primeiros episódios estão disponíveis aqui: https://www.youtube.com/watch?v=tJrTieksH_M&list=PL4GSwHHCzZswGDXnpqQHlUyTQdE8oWTEm&index=5. É uma história mais simples, mas também tem uma ótima interação com as crianças e serve como ferramenta na hora de educá-las.

 A baleia Ju (de Jubarte) decide dar uma volta ao mundo e convoca amigos: um cavalo marinho, um pássaro e um polvo inteligentíssimo, que faz a conexão, via celular, com o “mundo dos humanos”. O tema “lixo jogado no mar de qualquer jeito” continua, e ganha uma expressão ainda maior. Ju, a baleia, sabe muito bem o que acontece com outros indivíduos da mesma espécie que ela e, muitas vezes, morrem com as vísceras enroladas em sacos plásticos que são confundidos, por elas, com algas marinhas, uma de suas principais fontes de nutrição.

Para ter mais subsídios na hora de assistir aos vídeos, uma boa opção é o livro “Chega de plástico”, editado pela Sextante em 2019 (leia aqui a resenha que fiz para o site G1). Pincei uma das informações contidas no livro: especialistas afirmam que até 2050, 99% das aves marinhas terão plástico dentro do estômago. E mais de 30% dos peixes que consumimos terão ingerido plástico. O que quer dizer que nós também, ao consumi-los, nos nutrimos com uma boa quantidade.

O tema é importante, é emergencial, e vale a pena ser debatido na frente das crianças. E com as crianças.

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