Cartas ao vento
rio

te escrevo desse lugar chamado vida-adulta.

falam que os adultos sabem das coisas, tem respostas, certezas, … falam muitas coisas. te digo que tudo isso é imaginário. sabe por que?

porque continuam com um tantão de incertezas, fantasias, medos… contradições –  congestionados por tantas coisas que se esquecem que são pessoas – e isso não é questão de idade.

crueldade imaginar que sabem de tudo. mais crueldade ainda é acreditarmos nisso.

o bom mesmo seria vivermos um dia de cada vez, sem idade, sem pretensões, com seus medos, inteiros em cada respiração. presentes no instante.

como ser presente e não se perder no imaginar?

como estar no agora e não se perder em como será amanhã?

tantas perguntas. nenhuma resposta.

alguns pensamentos me rondam desde sempre, mas os esqueço em cada encruzilhada que percorro. não por descaso. mas por saúde.                                                  prefiro não.

deixar-me solta nas perguntas me acalanta, me faz sentir “possível” inventar modos-outros para viver. como a liberdade do vento que simplesmente é o que é. sem fio coerente que defina o-antes e o-depois.

ahhh estava escrevendo do lugar vida-adulta … acabei esquecendo. e agora, não faz mais sentido o lugar. lembrei que o senhor Manoel um dia disse: quando eu crescer eu vou ficar criança. e você?

janeiro/2021

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