“O conhecimento é o único bem que vc pode transmitir sem perder”.
Historiadores atribuem esta frase ao filósofo holandês Baruch Spinoza, que no século XVII deixou ao mundo como legado o “Tratado sobre a Ética” (Ed. Autentica). Seja ou não frase do pensador, fato é que ela carrega uma dose monumental de verdade. E eu a escolhi para parabenizar e mostrar todo o meu respeito aos professores no mês dedicado a eles.
No tempo em que não havia internet, ser professor tinha outro significado. Esta é, também, uma verdade insofismável. Hoje, os professores não precisam apenas ser pacientes, agregadores, gentis, bem informados, além de sagazes, corajosos e criativos para suportarem os reveses de ensinar num país governado por uma equipe que absolutamente menospreza a educação. Eles precisam, também, competir com uma rede de informação que, muitas vezes, atrapalha mais do que ajuda.
O importante, disse-me uma professora amiga, é não lutar contra a internet, mas ensinar a utilizar a rede a nosso favor. E este, talvez, seja o maior desafio dos professores nos dias que correm.
Para a grande maioria dos jovens, a internet se resume a um dispositivo que lhes proporciona acesso a jogos ou somente para conversarem uns com os outros pelas redes. Sobretudo nos países periféricos. Neste sentido, vale a pena saber que um estudo divulgado no ano passado mostrou que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais usa as redes sociais.
De acordo com o estudo, que reuniu dados do Hootsuite e WeAreSocial, os brasileiros ficam, em média, 3h42m por dia conectados, sendo que a faxa etária que mais acessa é de 16 a 24 anos. Atrás do Brasil, somente Filipinas.
Mas, reparem outro dado interessante que a pesquisa revela: além do Brasil, outros países emergentes ocupam a lista dos que mais fazem uso das redes sociais. O que isto pode demonstrar?
A resposta pode ser dada por nossos bravos professores. Países que prestigiam a educação dos jovens dão mais valor a livros do que a dispositivos. Isto é real. É preciso, pelo menos, desconfiar um pouco de tanto “conforto” que as redes nos oferecem. O fácil pode ser vulgar.
Conversando com a professora amiga a esse respeito, ela me contou o tamanho do desafio, sim. E disse que a única resposta que se pode dar são os livros. Por mais que seja mais fácil lidar com a máquina, busque sempre a ajuda dos livros para lidar com as crianças. Espalhe livros pela casa, em todos os cantos. Permita que os livros sejam parte da decoração, da brincadeira. Crie cantinhos da leitura, chame outros amigos e crie grupos de leitura.
Enfim, que os livros tornem-se o vício dessa geração mais nova. Vamos desconfiar da zona de conforto que nos oferecem as telas.
Amelia Gonzalez é jornalista, foi editora por nove anos do caderno Razão Social do jornal ‘O Globo’ e colunista do Portal G1, também da Globo. Atualmente mantém o Blog Ser Sustentável, onde escreve sobre desenvolvimento sustentável e colabora na Revista Colaborativa Pluriverso e aqui, na revista Entrenós, uma parceria da Casa Monte Alegre e a Pluriverso.