por Pedro Honório

A ESTRANHA ORDEM DAS COISAS

LISTA DE CONVIDADOS:

Pedro Honório de Oliveira Filho

VC VC VC VC VC

Reto Correto
Drama Dramático
Sobrecarregado
Alívio Lívido
Fagueiro Pé nas costas
Flores
Flores Flores de plástico não morrem
Contorno

Objeto, subjetivo, duração, múltiplo, multiplicidade, diferença, subjetivação Densidade, Desdobra, Iluminação
Embrião implica embrionário
Basta, Basta, Basta, Basta de sermos bestas, tontos, dóceis cidadãos, CIDADÃOS
Estou estarrecido por nossa incapacidade de resolver questões de poder (Maquiavél- 1519) e eu me pergunto por que não sabemos usar nossa potência?
Impotente nos tornamos, inclusive, para resolver nossos afetos.
Resolvemos e brigamos pelo o que não vivemos e o que se vive é abafado, inquietado dentro, logo bomba de pressão, relógio descompensado, descompassado

UM CONVITE:

Jean Luc Godard
Franz Kafka
Pier Paolo Pasolini
Você, Você, Você

Sim, sim, Deleuze, Nietzsche, Foucault

Sim, claro, Achile Mbembe, Peter Pál Pelbart, Samuel Beckett

Isso, para não continuarmos dormindo, ausentes, inertes, amnéticos…
Eu me revelo, aqui sempre estive, uma vez mais condenado a permanecer Faça silêncio, finja que não sente, por um bom tempo nada, NADA Sim Agora, Agora Sim

Irredutível exterioridade cabe-me cumprir a função de conter a incongruência, então recomendo… Não, não, recomendam-me:

A noite impossível
O dia louco

Assim de fora, tudo se esgota, salvo na medida. Ficarás cego, surdo, mudo… Impiedosamente Nada

NADA
Nada SENTES
Nada sente de Fora FORA
de Fato FATO
da Foto FOTO

Flores, flores morrem
Flores, flores de plástico não morrem. ISSO
Isso é pouco ou pouco importa

Enquanto vivos, vivo, vivo a cada instante a afirmar a VIDA Chamo na lista de convidados:
Breno, Bruno, Clarice, Camila
Sim, sim, Beethoven, Paglia, Lispector, Borges, Miguel, Manuel, Você Quem fala?
O que diz?
De quem fala?
O que se diz é o que se diz:

Tirar do exterior, se você no interior confortável não está. Eu vos asseguro uma forma de sair do exterior, onde o interior quer vir, do parado ao movimento, assim como do movimento parado. Destas imagens, destas imagens que povoam a mente em suas velocidades e lentidões, levanta, levando imagens paradas para você, você…

Sim você perpassá-las

Inquieto Inquietos
Será confortável depositar, proteger, chegar ao outro lado, atravessando o sistema dos objetos, coisas, corpos, corpos da loucura…
AGORA SIM Sim AGORA. Sim AGORA? Sim AGORA! AGORA !!!
Busca-se Quietude
Busca-se quietude cidadão, bocas quietas, olhos vendados, ouvidos surdos, uma sociedade, UMA SOCIEDADE
Bocas, olhos, ouvidos, barulhos, ruídos, sons, visões, imagens, imaginações Buscam Quietude

AGORA NÃO!!
CORPO AGORA NÃO!!
NÃO AGORA CORPO!!

Olha a vizinha, o vizinho, o namorado, a namorada, o jovem, o adulto, o velho, a criança
Sim Agora, não consigo… no lugar do repouso, um desassossego No lugar do falo, falo outra vez?
No lugar do falo, falo outra vez Outra vez é sempre?
Outra vez é sempre obscuro, OBSCURO AGORA NÃO
Agora não se sabe mais, SEM SAÍDA Sem saída, SABE-SE MAIS

Precisamos, PRE CI SA MOS, PRECISAMOS:

• De Livros que nos afetem como um desastre,
  que façam marcas na carne
• De Filmes que nos afetem como um desastre,
  provocando imagens para imaginação
• De Teatro que nos afetem como um desastre,
  fazendo peso na digestão
• De Ciências que nos afetem como um acidente,
  criando questões em busca de soluções
• De Música que nos afetem como um acidente,
  buscando parcerias, rompendo a solidão

UM CONVITE:

Florbela Espanca
Lou Andreas Salomé
Anais Nin

Sim, claro, Espinosa, Tarde, Hume, Mauss, Blanchot, Van Gogh, Virílio, Welles, Artaud, Vc, Vc

A você acordado, cuidado com a mosca do sono, com os cantos da sereia, com os doces encantados

A você dorminhoco, cuide para despertar, pois há estradas a partir

A você ausente, cuide para participar e cuide das malas, pois há micróbios, bactérias, como ervas daninhas a molestar

A cultura contemporânea sabe que NUNCA se atinge a plena subjetivação e que nossa SOCIEDADE está marcada por contingência e toda ordem é de natureza HEGEMÔNICA, ou seja

Manifesta-se por Relação de Poder. Estar atento ao estado das forças, onde o indissociável recalcamento nos conduz à morte das Metamorfoses. Necessário se faz gerar signos em emanações de contradições num devir plural.

Você decadente, tem nervos frágeis? O que te fere? Qual a provável causa de tua irritação?

Você que não suporta mais doses de verdades, cada vez mais reduzidas e tranquilizantes;

Você que surpreendentemente curte imagens de alegria, de sensações plenas e bem conhecidas, palavras doces, superfícies suaves, sentimentos familiares, ou seja, antídoto de amnésia a tudo, TUDO;

Você que guarda a necessidade de que se diga o que é “Homem” e que és o que é permitido querer ser;

Você que não quer se acomodar em nenhum tipo de conforto, precisa de algo diferente, quer nervos resistentes, que os impostos impostos fiquem secundários, tem necessidade de Vida.

Vamos!!!
Vamos!!!

A ESTRANHA ORDEM DAS COISAS
HÁ ESTRANHA ORDEM NAS COISAS AS COISAS ESTRANHAS
HÁ ESTRANHA ORDEM DOS SENTIDOS O CUIDADO DAS DIFERENÇAS
O CUIDADO DAS DURAÇÕES
CUIDAR SEMPRE
O TRANSMITIR, O TRANSVALORAR, A EXPRESSÃO

---

Fonte: Congresso Internacional de Psicomotricidade

---

nov. 2019