Dias atrás estive em Vitória, onde conheci Leonardo Da Vinci. É mais ou menos isto mesmo quando se visita uma exposição bem cuidada que procura trazer os principais momentos da obra e da vida de um grande artista. Devo confessar que, descuidada, até este momento não tinha uma relação tão próxima com o gênio do Renascimento. Mas ele é super e vale a pena conhecê-lo.
Por óbvio, a exposição tem o rosto mais conhecido do mundo, o de Mona Lisa, a ilustrá-la. É fácil associar Da Vinci à pintura que só ficou realmente popular quando, em 1911, um ex-funcionário do Museu do Louvre o roubou e o escondeu sob a cama do quarto que alugava. Vai saber o que ele pensava em fazer com o quadro…
Mas a exposição, espertamente, deixa Mona Lisa para o último dos oito espaços que o Museu Vale, organizador da mostra, ocupou no galpão do Ifes. Antes da musa, o visitante conhece a história dos grandes artistas da época. O Renascimento é uma era que, neste momento de distopia que estamos vivendo no mundo, chega a causar inveja. Quando vamos renascer?
Aqui é preciso lembrar que, segundo o historiador francês Jacques Le Goff, morto em 2014, o tema Renascimento foi criado por volta do sécul XIX para caracterizar a era que se situa mais ou menos entre os séculos XIV e XV. E ele surge como um movimento distinto, oposto ao obscurantismo do período medieval. Só por isso, já está valendo nossa inveja.
São contemporâneos de Da Vinci: Shakespeare, Dante Aligheri, Luís de Camões, Miguel de Cervantes, Maquiavel, Michelangelo, Botticelli, entre os principais. Foi uma época em que o humano se torna mais humano, se me permitem a generalização.
Da Vinci foi um visionário? Ele desenhou algo como a bicicleta, fez também desenhos de um protótipo de submarino, do helicóptero, desenhou um robô. A partir de A partir de observações e dissecações feitas por ele em pássaros, elaborou mecanismos que o fez pensar na possibilidade de que o homem pudesse, no futuro, voar em grandes máquinas.
Não para por aí: Da Vinci também escrevia… da esquerda para a direita, fundia duas palavras em uma só, desmembrava uma palavra que ele julgava muito longa. Deste modo muito peculiar, preencheu, segundo consta, cerca de 13 mil códices, os cadernos da época. Há, na exposição que se chama “O Extraordinário mundo de Leonardo Da Vinci”, e ainda está aberta à visitação, gratuitamente, até maio, uma reprodução de um códex.
A exposição tem ainda um espaço destinado para a outra obra muito famosa de Da Vinci, a Última Ceia. Reproduzida em versão digital, ocupa uma das salas e produz um impacto. Assim também, o visitante ficará impactado durante a projeção de cerca de meia hora com alguns dos quadros de Da Vinci, que termina com um rosto imenso, na grande tela que usa tecnologia hollywodiana, do que se imagina que fosse o artista. Da Vinci era considerado um homem muito bonito à maneira ocidental, com grandes olhos azuis e uma estatura que o destacava dos demais.
Sua vida pessoal… bem, aí já vamos ficar devendo. Da Vinci foi acusado, à época, de manter relações com homens, o que o fez ficar recluso alguns anos. Não se tem em conta os casos amorosos do artista, mas fico cá a refletir: se ele era, como se sabe, um homem à frente do seu tempo, bem provável que acompanhasse o estilo poliamor dos mais novos de hoje.
Para quem se interessar e estiver por perto, dou a dica: a exposição, organizada pelo Museu Vale em parceria com o Instituto Cultural Vale, está acontecendo no galpão do Instituto Federal do Espírito Santo, no Jardim da Penha, em Vitória. Para visitar, é só fazer o cadastro no site do Museu Vale. Estive lá a convite do Museu para fazer um trabalho e decidi compartilhar com vocês a experiência.